segunda-feira, 28 de março de 2011

Ah neeeem viu....!

Oh.....preguica!!!!!!!!
Só em imaginar o que me aguarda.......oh.....desânimo!!!!!!!!!!!!!!!
Tive que repetir "TODOS" os exames (Cintilografia Óssea, Tomografia do Tórax, Ultrassom do abdômen, Ultrassom da mama que eu quis fazer, e um moooonte de exames de sangue) estes dias por causa de uma tremenda dor e por causa de uma baixa na qualidade de vida no qual eu tenho ficado "prostrada" na cama.....sem conseguir levantar, nem fazer NADA!
Neste exato momento estou na clínica Oncomed em BH, com uma agulha enfiada na minha fina veia e estou tomando Aredia para os ossos.
Acabei de saber que vou ter que colocar Catéter, e que vou pela 6a vez (eu acho) trocar a medicação.
Vou voltar a fazer quimioterapia semanal. Não lembrei de perguntar o nome do novo remédio. (Tanta coisa pra perguntar.....)
Agora, além dos tumores na costela, coluna, tenho uma novidade no pulmão....os da mama parecem que sumiram.....
Amanhã vou consultar (aqui de novo) com o médico da dor, para ver como vamos fazer.
Só posso dizer: Estou cansada!!!!!! Estou muuuuuiiiiiiito cansada!!!!!!!!!!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vou ficar ausente por alguns dias

Contratei um modem 3G da Claro, mas ele não funciona no meu pc por causa do meu Windows, então estarei ausente por alguns dias, até resolver.

Inspiração

Acabei de acordar e vim direto para o computador, li tudo de novo:

crisscarlet.blogspot.com

Sempre que me sentir triste ou abatida vou precisar destas palavras para seguir em frente....
Você escreve demais!!!!!!!!!! e me deixou muito emocionada com este depoimento.
Eu demorei para vê-lo porque é a primeira vez que mexo com blog, então custei a sacar os comentários.....rsrsrs
Bjão!!!!!!! Te amo demais!!!!!!

terça-feira, 22 de março de 2011

Minha mãe mandou....

Uma dificuldade que o paciente de câncer tem que enfrentar é o dia-a-dia com a família.
O desespero deles em tentar te salvar às vezes acaba te sufocando. Eu tenho vivido isto diariamente.
Às vezes o que eu preciso é só de um pouco de sono, ou descansar, ou não fazer nada, mas as "terapias" alternativas estão sobressaltando todos os dias na mídia, internet, etc, e sem nenhuma comprovação científica sobre os procedimentos, elas se propagam, dizendo que "fulano" foi curado de câncer porque ingeriu babosa (isto mesmo! aquele trem melequento parcendo lesma), outro foi curado porque fez isto, outro porque fez aquilo.
Aí, ou o paciente sacrifica ainda mais o seu tempo, sua vida, sua agenda, em prol destes charlatães e faz a familia feliz, mas que posteriormente verão que estavam me sacrificando em vão,
ou mando todo mundo a PAL! (para aquele lugar) e continuo vivendo a minha vida do jeito que dá....sem ânimo para levantar, mas tendo que ir toda semana a médicos, tomando mil remédios por dia, fazendo mil exames chatos, sendo controlada o tempo todo....

Dor

Suyen me mandou este link outro dia sobre a dor:
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/5310/dor

crisscarlet.blogspot.com


Eu respondi no seu blog, mas queria deixar registrado aqui também.
Quando fui para o Canadá, eu só sabia que você era parecida comigo fisicamente, e lembrava de você ainda criança com aqueles cachinhos no cabelo castanho.
Você e a Regina eram para mim um enigma a descobrir.
Não sabia como vocês eram depois de adultas, e do que vocês gostavam, etc.
Nâo tivemos muito tempo juntas no Canadá (tive mais tempo com a Regina), porque você trabalhava muito, lembra?
Mas o mais legal de tudo foi descobrir o quanto você e a Regina eram tão parecidas interiormente com os valores de que eu e a Darleise tínhamos.
Saimos só uma vez sozinha juntas lá (lembra?) fomos no Boston Pizza e ao cinema, mas foi tãaaao agradável, você nao tem noção de como gostei de conversar com você e como passei a te admirar.
Você tem valores fortes e arraigados, e estava passando por momentos difíceis eu sei, mas a sua essência era tão pura, tão bela.
Aí você veio para o Brasil. Cris, você não tem noção (até hoje falo isto com o Marcelo) de como foi bom os dias que você ficou comigo aqui em casa. Como me diverti!
Lembra que te falei? Se morássemos no mesmo país com certeza seríamos ótimas amigas.
Você é uma pessoa tão equilibrada, é tão bom estar perto de você, que até hoje (já te falei isto antes) fico fantasiando nós duas viajando juntas pelo mundo afora..... Seria divertidíssimo!
Obrigada pelas palavras sobre eu "ser sua inspiração", puxa vida!
Não tenho nada para retribuir que chegue aos pés do que você escreveu.
Amo você de todo o meu coração e desejo que a cada dia voce descubra coisas novas sobre você e sobre o que te faz bem nesta vida.
Siga seu coração e seja feliz!!!!
Estou muito feliz por você.....
Bjão!

Como tudo começou

Estava eu em pleno Julho de 2004, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais chamada Imbé de Minas, com mais quase 20 alunos de vários cursos da Universidade PUC/MG, participando do programa UNISOL (Universidade Solidária), programa criado pela Sra. Ruth Cardoso (esposa do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso), que tem como objetivo criar programas/projetos sociais para comunidades carentes de várias cidades do interior do Brasil.
Havia mais ou menos 10 dias que eu tinha perdido, assassinado em Fortaleza, um dos meus melhores amigos da faculdade. Companheiro de jornada, de trabalhos acadêmicos e também grande amigo para as horas difíceis.
Ele tinha apenas 22 anos. Era arrimo de família. Morava numa residência simples. Era responsável, dedicado aos amigos, uma pessoa simplesmente adorável. Junto com ele, eu e a Ana Lúcia (minha amiga carioca) formávamos um grupo, onde todas a tarefas da faculdade eram divididas por nós 3.
Ele era o mais responsável. Nunca faltava à aula. Sempre ligava para mim e para a Ana no outro dia, para dar as instruções da aula anterior.
Lembro como se fosse hoje, quando ele começou a planejar a viagem onde andaria pela primeira vez de avião. Lembro-me dele consultando colegas de classe que trabalhavam em agências de Turismo, verificando as possibilidades e etc. Tinha tudo para ser uma viagem maravilhosa.
Menos de 1 mês antes, tínhamos viajado para Moeda para fazermos um trabalho. Foi uma viagem excepcional! O nosso trabalho ficou maravilhoso, tudo tinha dado certo.
No nosso último dia de aula, (e também a última vez que o vi - 12/06/04), descemos, num sábado depois da aula, a rua da Bahia todinha a pé, conversando, trocando ideias, era dia dos namorados e nós reclamando que não tínhamos nada para fazer, já que não tínhamos namorados na época.
No caminho, passei com ele na Caixa Econômica Federal para ele sacar dinheiro, e já no centro o levei numa loja especializada em fotografias para ele comprar um "filme" para máquina fotográfica dele, que era daquelas Yashica preta, analógica, custava no máximo uns R$ 70 reais na época. (motivo pelo qual foi assassinado)
Ele comprou 2 filmes, nós paramos numa lanchonete, comemos enrolado de salsicha com coca-cola, e depois nos despedimos casualmente.....mal sabendo eu que seria a última vez que o veria.
Enfim chegou o grande dia. Ele viajou. Eu e a Ana comentamos que ele ia voltar metido por causa da viagem.
No meio da semana a qual era suposto ele estar viajando, recebi uma ligação no meu trabalho. Era a Ana Lúcia. Ela me disse que não tinha uma notícia muito boa para me dar, que o Nilmar tinha sido encontrado morto em Fortaleza.
Não sei descrever o que senti.
Quase desisti da viagem acadêmica para Imbé de Minas, mas achei que seria o melhor a fazer para tentar me distrair. Fiz muitos amigos (quase uns 20) entre os que estavam lá, e numa noite, todos reunidos para a reunião diária depois dos trabalhos, onde discutíamos problemas ocorridos no dia, planejamento para o dia posterior, tarefas bem legais onde cada dia um era escolhido para ser o "Rei" ou a "Rainha" e nesse dia todos deviam servir esta pessoa, e no final do dia escrever um cartão para ela e ler na frente de todos. A reunião começou a tomar outro rumo. Começamos um a um falar daquilo que estava nos afligindo e a abrir nossos corações. Foi quando eu disparei, contei a historia do Nilmar e chorei copiosamente.
As atividades, além de levar entretenimento, levavam também informações úteis sobre saúde, entre outras coisas.
Curiosamente, estávamos ensinando para as mulheres de Imbé de Minas como proceder com o auto exame de mama para diagnóstico precoce do câncer de mama.
Um belo dia fui dormir, (um colchão enfileirado do lado do outro no chão de uma escola), coloquei a mão no meu seio esquerdo e levei um susto! Tinha palpável uma bolinha do tamanho de uma bola de gude e dura. Não falei nada para ninguém, mas aquilo me deixou perturbada.
Havia tempos em que eu vinha reclamando "cansaço", "fadiga", "dor nas costas", "íngua na axila", estava pálida, meio russa, andando encurvada.....
Ia a médicos de Clínica Geral e eles diziam que eu estava estressada. Aí me davam remédios para estresse e pronto.
Sempre que podia, eu pedia ao meu irmão Darlesson para fazer massagem na altura do meu ombro, e aquilo me aliviava.
Quando voltei, me lembrei que uns 6 anos antes eu tinha feito uma mamografia que tinha acusado a presença de um pequeno nódulo, mas o médico disse que não era nada e eu até joguei o exame fora.
Assim que cheguei, marquei um ginecologista. Acreditem se quiser: Até então eu não sabia da profissão "mastologista". Santa ignorância!
Assim que o ginecologista apalpou me fez um encaminhamento para o Mastologista. Eu chorei na frente dele.
Tá, vamos lá, a escolha do mastologista:
Eu tinha um plano de saúde empresarial da Unimed, anterior a Lei de 1.998 (1)(depois saberão o porque desta informação). Abri o livro da Unimed e escolhi o médico mais próximo da minha faculdade: Dr. Rubens Marx Gonzaga.
Na primeira consulta, ele pegou uma agulha "fina" (2)(isto também é importante e devo explicar depois) e fez uma punção no nódulo, ali mesmo, no consultório, sem nenhum tipo de preparo, e me mandou levar para análise.
Quando o resultado ficou pronto, deu que não era nada, que era um tumor benigno. Ele me mandou pra casa e pediu que eu voltasse 6 meses depois, início de 2005.
Quando voltei, ele apalpou a minha mama, e já sabia o que era, e ao invés de pedir uma biópsia de "agulha grossa" ou "cirúrgica", de cara marcou uma cirurgia para retirada do nódulo em Fevereiro de 2005.
Fui para a cirurgia, e eu como turismóloga, não sabia ainda que para qualquer cirurgia, o ser humano deve ser submetido a uma série de pré-testes denominados "Risco Cirúrgico" do qual o Sr. Rubens Marx Gonzaga não me solicitou. Me operou sem qualquer pré-exame.
Quando voltou da sala de cirurgia (isto só fiquei sabendo meses depois) ele foi até a minha mãe e disse: "Não é boa coisa não" e pediu para encaminhar para análise.
Vi que minha mãe começou a me paparicar demais da conta, sô! E no dia do meu aniversário, apareceu um monte de amigos da faculdade, do qual eu tinha viajado para Imbé.
Voltei ao consultório no dia 04 de março de 2005, e as palavras que o médico usou para me dar o diagnóstico foram as seguintes: "Você deu azar, você esta com câncer", assim! Na lata!
A primeira coisa que veio a minha mente foi uma garota que quase 15 anos antes, na minha adolescência tinha falecido de câncer de mama na escola.
Lembro-me dela e de todo o processo de quando eu ia trabalhar, no ônibus de manhã, ela e a mãe dela indo para o médico. Lembro de quando ela perdeu os cabelos, lembro de quando perdeu os seios, lembro que foi ficando debilitada, mesmo assim eu a encontrava nas danceterias matutinas que eu ia, dançando com sua peruca e uma faixa na cabeça. Toda feliz da vida! Cheia de sorrisos.....parecia que não tinha nada.
Então caiu a ficha: "eu vou morrer também"....
Daí o médico marcou nova cirurgia para retirada da mama toda (3)(chama-se masectomia) e (4)esvaziamento da axila. Todo ser humano tem (5)linfonodos que ficam na axila e que interligam a mama ao pescoço interiormente. Tanto homem como mulher. Homem também pode ter câncer de mama, acredite se quiser, mas é sério.
Minha família enlouqueceu!
Então minha irmã conversou com sua ginecologista que abriu o "bico" sobre o tal médico Dr. Rubens Marx Gonzaga. Ele tinha um processo nas costas, de São Paulo, onde uma menina tinha morrido por diagnóstico errado de câncer de mama. Então ela indicou um outro mastologista.
Marquei consulta com ele, e perguntei sobre o tal médico. Ele não teve coragem de abrir o bico por causa da ética médica, mas me disse que no meu caso agiria diferente: que só tiraria todos os nódulos das duas mamas e uma margem de segurança da cirurgia prévia do outro medico, mas preservaria o restante do seio e não esvaziaria a axila.
Polêmica: Todo mundo, avó, tia, mãe, irmã, começaram a me pressionar para trocar de médico. Eu comecei a enlouquecer com tanta pressão e sem saber o que fazer.
Um dia, de tarde, desliguei o meu celular (porque elas não paravam de me ligar) e fui parar no consultório do novo médico, sem avisar, cheguei nervosa, chorando, falei para a recepcionista ligar pra ele e avisar que eu estava lá. Ele conversou comigo pelo telefone, pediu para eu me acalmar e que voltasse na sexta.
Eu disse: "Não precisa falar mal do outro médico! Mas me fala se o que ele está fazendo é o melhor pra mim, etc, etc." Então ele me explicou um monte de coisas sobre a mama e o câncer de mama, e eu fui embora.
Na véspera da segunda cirurgia marcada pelo primeiro médico, sem risco cirúrgico nem nada, eu fui dormir e pedi a Deus que me iluminasse, que para quando eu acordasse eu soubesse exatamente o que fazer.
Amanheceu. Horas antes da cirurgia liguei para o primeiro médico e perguntei: "porque vai fazer assim?" Aí, pela primeira vez! Ele me explicou coisas sobre a mama e o câncer de mama, e mencionou que estava querendo usar o meu caso como estudo de um seminário de que iria participar.(queria me fazer de cobaia!)
Liguei para o segundo médico, e disse a mesma coisa: "porque vai fazer assim?" ele explicou que ia tentar me preservar o máximo possível, fazendo uma cirurgia para retirada dos nódulos e do tumor, mas que não fosse tão evasiva, porque não tinha necessidade, etc.
Não fui para a cirurgia. Nem liguei para cancelar. Marquei com o segundo médico, compareci novamente no consultório, foi quando eu descobri sobre o *risco cirúrgico.
Ele retirou todos os nódulos da mama direita e esquerda, e a margem de segurança onde tinha sido retirado o tumor de quase 2cm na mama esquerda. Esta foi a minha segunda cirurgia, em Março de 2005.
Em Abril, passei por mais um procedimento cirúrgico, onde o médico compareceu no hospital com um patologista, abriu a minha axila esquerda, retirou 2 linfonodos e o patologista analisou enquanto a minha axila ainda estava aberta, pois se tivessem contaminados, o meu médico retiraria todos os linfonodos. Mas não estavam contaminados.
O Matologista me encaminhou para um Oncologista, que me iniciaria no tratamento de quimioterapia, e para minha surpresa, o plano de saúde não cobria, pois tinha sido feito pela empresa antes da Lei de 1998, que obriga todos os planos de saúde a cobrirem quimioterapia. Tive que ir para o SUS, que demorou uns 3 meses para liberar o processo.
Coisa de maluco quando cheguei no Hospital Mario Penna. Parecia que metade de BH tinha câncer. Era um fervilhão de gente! Gente com a cabeça aberta saindo secreção, gente sem um lado da boca, todo arrancado por tumor na boca, parecia a visão do inferno! Nossa! Quase morri de tédio! Um horror!!!!!!!!!
Comecei a fazer quimioterapia e 20 dias depois meu cabelo caiu todinho. Tem vários tipos de quimioterapia, tem umas que o cabelo não cai, mas esta que fiz chama-se FAC (é uma mistura de Fluorouracil+Doxorrubicina+Ciclofosfamida) intravenoso, no qual uma dessas tem a coloração vermelha e na hora que é injetada você sente o seu braço queimando e as veias pulsarem e doerem, e vem de imediato o enjoo. Eu tomei trauma! Não podia ver nada de tomar na cor vermelha, por exemplo: suco, gatorade, nada! Era só ver a big injeção com a cor vermelha que já puxava o cesto de lixo para perto e colocava até as tripas pra fora. Minha foto careca em 2005, junto com a minha irmã Darleise e meu irmão Darlesson.



A empresa para qual eu trabalhava na época: Editora LE, me chamou, disse que eu não estava dando conta do serviço que era para eu desocupar minha mesa, colocou uma nova funcionária no meu lugar, e me deixou lá, assim, à deriva, sem mesa, sem fazer nada (já que não podiam me mandar embora). Um dia entrei dentro do banheiro e chorei escondida, mas mantive minha cabeça erguida. Percebi então que eu já não era mais útil para a empresa, decidi finalmente parar de trabalhar e tirei uma Licença Médica.
Ficava em casa o dia inteiro! Mas foi um período tranquilo, apesar de passar muito mal (teve dias em que vomitei 9 vezes).
Tinha um cachorrinho que apelidamos de Kibe que me fazia companhia, ele tinha sido muito maltratado antes de ir la pra casa, entao era todo temperamental.
Se ficava com depressão nao comia ração nem a pau, aí eu comprava pão com requeijão e dava na boca dele, aí ele fazia as pazes.....kkkkkk
Ele era louco por mim! Lembro dele dar pulos gigantes para tentar alcançar a minha janela quando eu acordava para tentar me ver.
Quando eu saia e estava chegando em casa, minha mãe me contava que eu ainda estava na esquina e ele todo doido na porta me esperando.
Outra coisa boba que fiz um dia, mas que jamais vou esquecer: Fui para o quintal na parte dos fundos da casa e e comecei a acompanhar a jornada de um bando de formigas levando somente certos tipos de folhas para um buraco distante na parede (falta do que fazer, eu sei), mas foi tão legal! E tão interessante, como um ser pequenino como aquele pode ser tão organizado! E como era legal vê-las trabalhando incansavelmente em equipe e blablabla. Só mesmo quem ja fez para saber.
Eu sentia uma coisa que não era fome, mas era uma necessidade desenfreada de consumir energia. Então eu comia pão de forma com requeijão, miojo (tinha que ser 2, senão não me sustentava).
E ficava em casa sozinha, esperando minha mãe chegar do trabalho para cuidar de mim.
Nesse meio tempo, reencontrei uma antiga amiga Cristiane Chaves que me pediu para enviar-lhe o meu currículo. Eu disse: "Você tá doida? Não tá vendo que estou em tratamento?" e ela me disse: "Seja o que Deus quiser". Mandei.
De imediato entraram em contato comigo e me chamaram para uma entrevista.
2hs antes da entrevista, fui na Galeria do Ouvidor e comprei uma peruca. Não para mentir sobre o que estava acontecendo, porque a empresa já sabia, só para não deixar as pessoas chocadas.
Gostaram muito de mim na entrevista, me disseram até que tinha medo que eu ficasse insatisfeita com o trabalho, pois era muito qualificada para o cargo (chic, né?) e leu para mim a indicação que minha amiga Cris fez no meu currículo: "por ela eu ponho a minha mão no fogo, e meu emprego em jogo". Jamais esqueci desta frase.
Fui contratada! Descobri um remédio que bloqueava o vômito, comprei, pedi demissão da antiga empresa sem dar maiores satisfações e comecei a trabalhar, de peruca, fazendo quimioterapia.
Às vezes, a peruca esquentava minha cabeça, eu ia no banheiro e tirava um pouco para dar uma refrescada. kkkkkk!
Lá eu fiz grandes amigos, os quais mantenho contato até hoje, que são muito importantes para mim.
Eu tive uma sorte porque minha mãe tinha condições de manter o meu padrão alimentar bem diversificado, e isto ajudou a me fortalecer, porque as coisas são especiais e são muito caras. Eu via muita gente no Mario Penna, magrinha, e que não tinha condições de ter acesso às coisas que eu tinha, e que tinham que se contentar com uma fraca sopinha.
Eu tinha direto: Gatorade, água de coco, suco Mais, alimentação diversificadíssima e rica em frutas e legumes, isto me dava mais ânimo e não me deixava com baixa imunidade.
Continuei a fazer faculdade, não parei um período sequer. Tive que brigar e ir até a vice-reitoria por causa de uma professora injusta e sem coração, que me reprovou por falta, por não querer reconhecer meus atestados médicos. Então procurei saber dos meus direitos como estudante, e os coloquei para funcionar. Toda vez que eu fazia quimioterapia, tinha o direito de ficar 14 dias em casa, recebendo atividades escolares e provas por e-mail, sem comparecer à aula. Validava os atestados e pronto! Tudo certo.
Continua....

Co-autora

Gente!!!!
A minha co-autora é chique demais....! Olha o perfil dela no site da empresa em que trabalha (abaixo). Fiquei muito orgulhosa viu? Você é mesmo muuuuito competente, comunicativa e resolve os problemas com muita rapidez, ou seja: dinâmica. Adorava trabalhar com você. Amei! Parabéns pelo sucesso. Bjão!



::: PERFIL
Suyen Ariane Soletti Abrantes
Paranaense, Suyen não se destaca apenas pelo nome diferente e pelo sotaque forte. É comum as pessoas se surpreenderem com o jeito expansivo e falante da Secretária da Gerência Geral de Crédito e Cobrança da ArcelorMittal. "Sou muito dinâmica, gosto de resolver tudo rápido", conta. A alegria de Suyen, que trabalha na empresa desde o início de fevereiro, é quando o escritório está movimentado, pois o que ela gosta é de ação e gente.
Aos 30 anos, o que não falta para Suyen é experiência de vida. Ainda jovem, deixou a casa dos pais em sua cidade natal, Paranavaí, para ir morar na Dinamarca. De volta ao Brasil, ela fez curso superior de Secretariado Executivo Trilingue em Maringá, no Paraná, e tem fluência nas línguas inglesa, espanhola e dinamarquesa. Esta última, ela aprendeu durante o tempo que morou no exterior.
Acompanhando os ventos do destino e as oportunidades profissionais, Suyen também morou em Manaus, no Amazonas, onde nasceu sua filha Cecília, de três anos de idade. Mas, atualmente, o que ela quer mesmo é sossego. "Meu plano de vida agora é criar raízes em Belo Horizonte. Eu já morei em muitos lugares, mas agora que tenho uma filha, as mudanças ficam mais difíceis. E foi bom mudar para cá, pois eu gosto muito de BH e da simplicidade das pessoas daqui. A cidade tem um ar de interior e o povo é muito hospitaleiro", diz.
O tempo livre da Secretária Executiva é ocupado quase integralmente pela filha, que Suyen costuma levar para passear na orla da Lagoa da Pampulha, pela proximidade de sua casa. Os pais continuam no Paraná e os irmãos estão em Brasília e São Paulo. "Quando nos reunimos é uma verdadeira festa!", lembra, saudosa da família.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Para refletir....

TODO mundo tem problemas.
Não é porque o meu é câncer, que eu sou mais desafortunada do que as outras pessoas.
Conheço gente que tem problemas piores do que o câncer que tenho.
Eu tenho câncer, mas estou vivendo.
Não por viver....
Eu VIVO MESMO!!!!!
Se é pra rir, eu gargalho, se é pra chorar eu caio em pranto, se é pra beber, eu enxugo a garrafa, se é para comer, eu como pracaramba! (E como como, e como gosto de comer) kkkkk!
Se é para amar, eu amo de verdade, não pela metade.
Se é para abraçar, que seja um "quebraço"! E como adoro abraços!! Abraços curam!
Tento ser verdadeira e fugir da hipocrisia. (fingir ser uma coisa que não é)
A única diferença do o meu problema com relação ao dos outros é que eu tenho certeza que vou morrer, mas quem não vai "bota o dedo aqui...." kkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!
TODO mundo tem defeito.
NINGUÉM muda ninguém!
E ninguém é para ser mudado.
Se você ama alguém, você precisa aceitar o que a pessoa é na essência, ao invés de tentar mudá-la. É trabalho inútil....
Isto se chama: AMOR INCONDICIONAL.

sábado, 19 de março de 2011

Ontem

Acordei e resolvi sair de casa para distrair um pouco da rotina massante de remédios e etc.
Fui para casa da minha amiga Cris passar um tempo com ela.
Logo depois que cheguei, comecei a sentir um mal estar, mas pensei que ia passar, então não falei nada.
Fui ficando, conversando, etc....
Ela pediu almoço cedo e eu logo almocei pensando que talvez fosse fraqueza e que o mal estar pudesse passar,
mas só foi piorando, aí começou a me dar vontade de vomitar (e eu odeio!), e não tive alternativa, tive que ligar para o Marcelo me buscar urgente.
Conclusão: Pus tudo pra fora, fiquei com o estômago revirado o dia inteiro. Cheguei em casa, tomei boldo e fui dormir 19:30h.
Hoje acordei pior ainda, parecia que tinha levado uma surra, e a cabeça tava até grande de tanto que doía....meu olho ardia e eu nem conseguia me mexer direito.....
Resolvi continuar deitada e acordei 11:30h.....beeeeem melhor.
Conclusão: Não sei porque do mal de ontem, uma vez que antes de ontem foi o único dia da semana que não precisei da morfina pra conseguir dormir.
Tinha pedido ao meu mastologista uma Guia de Exame para fazer o ultrassom da mama, porque "EU" queria saber em que pé está. Ele, pela segunda vez foi "grosso" (desculpe,nao tenho outra palavra para colocar aqui) comigo, falando tipo: "que eu estava me preocupando à toa, blablabla...."
Fiquei estressadissima com a situação, porque ele não está dentro de mim para saber o que está se passando na minha cabeça, e eu como paciente tenho "todo" o direito de saber como estão os tumores.
E o pior de tudo que antes ele era o médico que eu mais confiava.....esperava que ele me atendesse com a mesma atencao de antes, ou como o Oncologista sempre me antende, isto faz toda diferenca para um paciente.
Liguei para a secretária dele, falei para cancelar o recado, peguei a Guia com o meu Oncologista e fiz o exame.
Não sei se ainda é notícia para comemorar, mas na minha ignorância médica como turismóloga, "parece" só "parece" não sei ainda o que houve, mas "parece" que as bolotas "tumores" da mama, desapareceram.
Agora preciso do resultado da Tomografia para saber dos tumores na costela e coluna.
A parte óssea está mais comprometida.
Sinto dores nas pernas e nas juntas quando acordo de noite para dar uma remexida.
Arranjei um novo jeito de dormir: Mais de um ano que nao durmo do lado esquerdo por causa das dores.
Agora estou dormindo só do lado esquerdo para pressionar o tumor e parar com a dor, e está dando certo....mas tudo tem o jeito "certinho" para poder funcionar: o braço tem que ficar de um jeito, a perna de outro, senão não funciona.....e vamo lá, que a vida continua....!
Me perguntaram porque não estou escrevendo no blog ultimamente, é que quando estou passando mal não tenho vontade de fazer NADA, nada mesmo!
Beijo e obrigada por lerem o diário que mais parece um "pesadelo"!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Link

Ian sent me this link, I loved:
Welcome Back - Heathrow Airport (T-Mobile)

Mais dor

Acabei de levantar e esta noite senti uma dor do "caramba".....de quase gritar.....não fui pra sala, mas também não chamei o Marcelo porque ele precisa dormir para trabalhar no outro dia.
Deitei às 22h e já tinha tomado Cloridrato de Hidromorfona (se toma de manhã para fazer efeito à noite), então às 23h tomei Morfina e pensei: "daqui meia hora estarei drogada, aí vou consegui dormir".....
Que nada! 23:45h.....acordada e gemendo de dor, aí tomei outro Rohypnol (mais conhecido como "Boa Noite Cinderela") porque ja tinha tomado um que não fez efeito algum.
Acabei de ligar para o Dr. G (Medico da dor, Dr. bonzinho que me deu uma caixa de Jurnista (nome fantasia do Cloridrato de Hidromorfona) porque segundo ele a caixa custa quase R$ 500,00 (esqueci de conferir esta informação).
Ele me pediu para tentar adiantar a Tomografia de Tórax para definir o que vai fazer comigo.
Consegui marcar para hoje às 14h.
Já era para ter feito antes de ontem, junto com o ultrassom, mas o ultrassom requer preparo, e o preparo não deu certo, que era tomar 2 Lacto Purgas no dia anterior..... mas só fez efeito 2 dias depois....
Já fiz a Cintilografia óssea, mas estou querendo repetir, porque eu e o M não achamos a Clínica que fiz confiável.

terça-feira, 1 de março de 2011

Este blog / This blog....

Este blog surgiu depois que eu li o blog da Gabi: dedentrodopeito.blogspot.com, que a minha amiga Suyen me passou o endereço.
Eu fiquei imaginando como ela se sentia ao desabafar pequenas coisas do cotidiano quando se vive com câncer, e eu pensei: isto deve trazer alívio.
Então, convidei minha amiga Suyen para ser co-autora do blog. Ela vai me ajudar com correções (porque o meu computador nao tem teclado com português brasileiro,então não tem acento, cedilha e etc.), postagens, curiosidades, utilidade pública, pensamentos, experiências e etc.
Ela também tem uma bagagem/histórico de conhecimento de pessoas que vivem com câncer.
Ela tem sido um apoio incondicional na minha jornada, desde quando ficou sabendo da minha história.
Posteriormente, vou contar como tudo começou, como descobri a doença, e todos os processos que tenho vivido até então.
Ás vezes, fica parecendo um blog de pesadelo, mas também vou contar as coisas boas, só esses dias que estou um pouco dodói, estou sem inspiração.
Aguardem....
Também vou "tentar" escrever em inglês para os meus leitores da língua inglesa, que não são poucos.... Ian Borich, Ruth McNeilly (que também ja viveu o que estou vivendo), Melanie, Bonnie McAlpine e sua familia, etc...

"The ideia this blog came after I read the blog of Gabi: dedentrodopeito.blogspot.com, that my friend Suyen gave me the address.
I wondered how it felt to unburden everyday life and how is to live with cancer, and I thought, this should bring relief.

So, I invited my friend Suyen to be the co-author of the blog. She will help me with corrections (because my computer hasn't got keyboard with Brazilian Portuguese), posts, trivia, public utility, thoughts, experiences...
She also has a historical knowledge of people living with cancer.
She has been supporting me in my journey, since she learned about my history.
Later I'll tell how it all started, how I discovered the cancer, and all the processes I have experienced so far.
Sometimes he looks like this is a nightmare blog, but in the future I'll also tell the good things, so these days I'm feeling a little blue, I'm without inspiration.
Just wait ....
I'll "try" to write in English for my dear english speaking friends:.... Ian Borich, Ruth McNeilly (who has also lived what I'm living), Melanie, Bonnie McAlpine and her family..."