quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Salve-se quem puder!

É esta a impressão que tenho toda vez que vou na Clínica fazer quimioterapia.
A propósito, fui ontem.
E como não tinha mais lugares para eu sentar e ser injetada, fiquei num quarto especial, que é o quarto das crianças. Lá estava comigo mais uma mulher que já tinha tido câncer e fez o mesmo tratamento que eu anteriormente, e agora voltou.
Nós duas ficamos olhando para as novatas que estavam fazendo "FAC", a primeira quimioterapia que fiz em 2005, que tem uma medicação "vermelha" que entra queimando na pele, e que faz vomitar, cair os cabelos, etc, etc, etc. É um horror!
Nós duas ficamos comentando: "Coitada delas, não sabem o que as esperam!"
O que eu pude perceber é que todo mundo que está passando por isto pela primeira vez, tem dentro de si uma força descomunal, não sei porque, talvez seja porque tudo é novidade. Eu também tinha esta força.
Quando eu era adolescente, pude acompanhar, meio que de longe, uma colega de grupo que passou por um câncer de mama.
Lembro de a cada dia que eu a via, ela e a mãe dela estavam indo cedo cedo para o hospital.
Lembro de quando ela apareceu sem os seios, lembro de quando ela apareceu careca, lembro dela se divertindo e dançando feliz da vida com perucas e faixas na cabeça, e lembro quando a doença a venceu e ela sumiu do mapa.
A primeira vez que recebi o diagnóstico, a primeira coisa que me veio a cabeça foi ela.
Em 2005, muitas pessoas já tinham câncer, mas não era tão comum.
Então os médicos falavam que há 10, 15 anos atrás, os tratamentos eram muito invasivos e se falava em sobrevida, hoje não, se fala em "qualidade de vida com câncer".
De tanto a gente ir em clínicas, hospitais, etc, você começa a perceber: Hoje tem muito, mas muito mais pacientes com câncer do que em 2005 quando eu estava em tratamento.
Lembro que em 2005 as pessoas ainda ficavam chocadas, mas hoje, não tem uma pessoa que você converse que não tenha passado por isto, ou que tenha algum amigo ou familiar passando por isto.
Tá tudo lascado! Tá tudo muito maluco!
De um lado milhões de diagnósticos anuais pronunciados, de outro os médicos tentando se atualizar com o que há de mais moderno em terapia para o câncer.
É tudo muito rápido, muito corrido, e mais um diagnóstico, e mais um, e mais um....
A terapia que era precisa em 2005, hoje já não é mais, os médicos mudam radicalmente a maneira de pensar, e o que era certo pra mim antes, já não o é hoje....
Sabe de uma coisa?
Estou me sentindo só mais um da fila.

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